Encontro a menina brilhando longe, entre as pernas da multidão. Seus pequenos dedos cruzam a segurança nas mãos calejadas do pai, e caminham tranquilamente entre as tantas milhares de pessoas que edificam o amor no Taj Mahal. De repente ela se solta e corre, com aquela liberdade infantil que toda criança quer sentir. Conhecer o mundo, desafiar o desconhecido mesmo que isto se resuma a um corredor alinhado com as paredes do majestoso templo dedicado ao eterno. Vendo ela se aproximar de mim, preparei a câmera na intenção de pegá-la correndo. O traço de uma alma inocente que apareceria na minha foto, emoldurada com os arcos. Mas de repente ela para na minha frente e se vira em busca da imagem do pai. O conforto de um rosto conhecido. Seus pequenos pés ensaiam um leve passo de dança. Vejo ali a nossa busca incessante de querer conhecer o futuro, mas inegavelmente ter sempre uma linha tênue que nos liga ao passado. E o presente está ali, à nossa frente, que dura uma fração de segundo, um único piscar dos olhos. Da janela da alma. Do clique. Mas que pode ser tornar o instante decisivo de nossas vidas.
Índia, Agra, 2016